Dificuldades de aprendizagem: desafios e soluções

As dificuldades de aprendizagem dos alunos representam um enorme desafio para a educação, e sinalizam a necessidade de ferramentas pedagógicas específicas.

Introdução

Educar alunos para a vida não demanda apenas transmitir conteúdos, mas também ensiná-los a viver, a administrarem suas vidas e a se relacionarem uns com os outros. Contudo, lecionar é um grande desafio dentro do universo educacional, já que os professores precisam entender qual será sua melhor forma de atuação dentro da sala de aula.

O ato de ensinar requer que professores transformem a vida dos alunos através de processos permanentes de aprendizagem. Os docentes devem auxiliar os estudantes na construção da identidade pessoal e profissional, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação, de modo a torná-los cidadãos realizados, produtivos e éticos.

Para muitos alunos, as dificuldades de aprendizagem nas diferentes fases de desenvolvimento (infância, adolescência e vida adulta) ocorrem pelo fato de alguns professores não conseguirem dominar suas práticas pedagógicas em sala de aula, devido às muitas dificuldades do processo.

Nesse contexto, existem diversos mecanismos educacionais que, quando executados de maneira eficaz, podem fazer a diferença no ensino. São eles:

  • Plano de Trabalho – Observação e compreensão: o professor precisa conhecer bem a turma para que consiga elaborar um plano de trabalho com as ações a serem tomadas e os meios para executá-las.

  • Avaliação: essa é uma das principais formas de verificar o caminho que o aluno está seguindo. Por meio das avaliações, o professor poderá descobrir as reais dificuldades e necessidades dos estudantes, e será capaz de interferir quando necessário.

  • Contextualização: além de relacionar os assuntos com o cotidiano dos alunos, é importante fazer uma relação de conceitos e conteúdos com as disciplinas.

O papel do professor

Entre os inúmeros papéis que um professor exerce em sala de aula, destacam-se as funções de observador, analista e ponto de apoio. E é muito importante que essas características sejam bem definidas e identificadas pelos alunos.

O papel de observador se cumpre quando o docente caminha pela sala, verificando de perto como cada grupo de alunos participa das atividades, quais são suas dificuldades, quais são as suas descobertas. A função de analista ocorre no diagnóstico de deficiências e na valorização da evolução de cada aluno. E, quando o aluno precisa de uma orientação ou acompanhamento especial, o professor se transforma em um ponto de apoio para auxiliá-lo no que for preciso.

Ao longo de sua trajetória, o docente desenvolve um variado repertório de conhecimentos, constrói diferentes saberes a partir da experiência acadêmica, da prática pedagógica, do trabalho colaborativo e da aprendizagem entre os pares. No entanto, a prática por si só, embora muito relevante, não supera o domínio dos conteúdos específicos e não oferece, de forma sistematizada e articulada, a base de conhecimento que o professor necessita para ensinar.

Dessa forma, o desenvolvimento profissional voltado para o ensino se dá em contextos e momentos diversificados. É um processo contínuo de autoformação e fortalecimento da equipe pedagógica, que visa complementar e aprofundar a formação do professor. Esse grupo amplia o trabalho pedagógico nas diversas áreas do conhecimento, com enfoque na melhoria da proposta pedagógica e no planejamento de ações didáticas para as aulas, como intervenções, projetos e uso de recursos que potencializam o aprendizado.

Para um desenvolvimento mais amplo do profissional, podemos considerar três dimensões: individual, coletiva e organizacional. O trabalho docente requer um conjunto de saberes que não são aprendidos espontaneamente. Deve haver uma intencionalidade, um propósito, para que esse repertório articulado faça sentido para os estudantes e possibilite a inter-relação entre os conteúdos dos diferentes componentes curriculares e, finalmente, para que ele se constitua um Profissional do Ensino.

Dificuldades de aprendizagem: a importância do diagnóstico correto


Atualmente, as principais dificuldades de aprendizagem dos alunos estão associadas a algum comprometimento no funcionamento de certas áreas do cérebro. Contudo, conflitos pessoais e familiares também podem causar sintomas referentes a problemas de atenção, ansiedade ou agitação.

Os tipos de dificuldades de aprendizagem mais conhecidos são:


Dislexia – 
ocorre em crianças com visão e inteligência normais. Os sintomas incluem fala tardia, aprendizagem lenta de novas palavras e atraso na aprendizagem da leitura. A maioria das crianças com dislexia pode ter sucesso na escola, desde que contem com tutores e programas de educação especializados.


Disgrafia –
transtorno da escrita, de origens funcionais, que surge em crianças com adequado desenvolvimento emocional e afetivo, e que não apresentam problemas de lesão cerebral, alterações sensoriais ou ensino deficiente do grafismo da escrita.


Discalculia – 
é definida como uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa de compreender e manipular números. Para ser classificada como discalculia, não pode ser causada por problemas na visão e/ou audição.


Dislalia – 
é um distúrbio da fala, caracterizado pela dificuldade em articular as palavras. Basicamente consiste na má pronúncia das palavras, seja omitindo ou acrescentando fonemas, trocando um fonema por outro ou ainda os distorcendo ordenadamente.


Disortografia – 
é a dificuldade do aprendizado e do desenvolvimento da habilidade da linguagem escrita expressiva.


Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) –
é uma síndrome (conjunto de sintomas) caracterizada por distração, agitação/hiperatividade, impulsividade, esquecimento, desorganização, adiamento crônico, entre outras.

É possível superar os transtornos de aprendizagem?


O professor é fundamental na identificação de uma possível dificuldade de aprendizagem. Afinal, ele tem contato diário e próximo com o aluno, além de ter fácil acesso aos grupos que o cercam: família, amigos e outros professores.

Porém, antes de qualquer diagnóstico, é necessário que o aluno passe por uma avaliação com profissionais da área de saúde.

A análise pode ser conduzida por uma equipe multidisciplinar, de modo a garantir uma visão mais holística do aluno. O grupo inclui médicos, especialmente neurologistas, além de psiquiatras, psicólogos, psicopedagogos e até mesmo fonoaudiólogos. Cada um dos profissionais terá uma perspectiva a agregar na avaliação, evitando a miopia de atribuir o problema a uma causa única.

Também é papel da escola compreender que os alunos com dificuldade de aprendizagem não são incapazes de aprender. Nesse sentido, a instituição deve promover e incentivar a integração do estudante com o restante da comunidade escolar.

Vale a pena reforçar que, se a integração não ocorre, o próprio isolamento pode dar margem a uma queda no desempenho do aluno – não por causa da dificuldade em si, mas devido à desmotivação e frustração com a vida escolar.

Finalmente, é essencial que a escola, por meio da figura do professor, adote metodologias específicas de ensino, que vão auxiliar o aluno no processo de aprendizado. Essa ação pode ser realizada através da inovação na sala de aula, com a integração de atividades lúdicas, como a gamificação, e a adoção de ferramentas tecnológicas de apoio ao ensino. O objetivo é estimular o aluno, de uma forma despretensiosa, a desafiar suas próprias limitações!


Conclusão


Antes de se diagnosticar o transtorno ou a dificuldade de aprendizagem, é importante levar em conta que o aprendizado envolve muitas variáveis e aspectos, como questões sociais, biológicas e cognitivas.


A
dificuldade de aprendizagem representa um obstáculo, uma barreira, um sintoma que pode ser de origem cultural, cognitiva ou até mesmo emocional. É essencial que o diagnóstico seja feito o quanto antes, uma vez que há consequências a longo prazo.


Já o
distúrbio de aprendizagem está ligado a “um grupo de dificuldades pontuais e específicas, caracterizadas pela presença de uma disfunção neurológica”. Neste caso, há uma questão de neurônios, de conexão. O cérebro funciona de forma diferente, pois, mesmo sem apresentar desfavorecimento físico, social ou emocional, os portadores do distúrbio de aprendizagem demonstram dificuldade em adquirir o conhecimento de determinadas matérias.


Nos transtornos de aprendizagem, os padrões normais de aquisição de habilidades estão perturbados desde os estágios iniciais do desenvolvimento. Ou seja, eles não são adquiridos por causa da falta de estímulos adequados ou devido a qualquer forma de traumatismo ou doença cerebral.

Os transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades escolares compreendem grupos de transtornos manifestados por comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de habilidades escolares. Esse comprometimento no aprendizado não é resultado direto de outros transtornos, ainda que eles possam ocorrer simultaneamente.


Nos últimos anos, a
identificação precoce dos transtornos de aprendizagem tem se tornado cada vez mais frequente e certeira. Isso se deve à incessante busca por novas avaliações e metodologias de reabilitação, favorecendo o avanço no diagnóstico de indivíduos que apresentam alterações de leitura e escrita.


Quando a
instituição estabelece uma metodologia de diagnóstico precoce de transtornos de aprendizagem, é possível criar uma organização de atendimento e estruturação de apoio, com o objetivo de suprir as necessidades e desenvolver estratégias compensatórias para esses alunos.


Por fim, o diagnóstico precoce auxilia a pessoa com transtorno de aprendizagem a desenvolver técnicas e métodos compensatórios para o seu
desenvolvimento pessoal e profissional. O tratamento provavelmente não exigirá um alto investimento, já que ela aprenderá a lidar e a superar (psicológica e emocionalmente) os obstáculos do transtorno!